Senso Comum

Por que o Senso Comum Engana? Filosofia e a Busca pelo Saber Real

Dia a Dia

Sabe aquela sensação de que algo é óbvio, tão claro quanto a luz do dia? Essa é a voz do senso comum, nosso guia prático para o cotidiano. Ele nos ajuda a tomar decisões rápidas, a entender o mundo sem precisar de um manual de instruções a cada passo. Mas… será que essa aparente clareza é sempre sinônimo de verdade? E se esse conhecimento espontâneo for, muitas vezes, uma névoa que nos impede de enxergar o que realmente importa?

Este artigo é um convite para mergulharmos juntos nessa questão. Vamos explorar por que, apesar de sua utilidade, o senso comum pode nos pregar peças e como a filosofia, especialmente a epistemologia e a filosofia do cotidiano, nos oferece as ferramentas para ir além, em busca de um conhecimento válido e transformador. 

Preparado para questionar o óbvio?

Decifrando o Senso Comum

Alicerces e Aparências do Conhecimento Espontâneo

O que realmente constitui o “senso comum”?

Pense no senso comum como um grande compilado de saberes herdados: tradições passadas de geração em geração, experiências pessoais que generalizamos, pérolas de “sabedoria popular” e até mesmo aquelas verdades que a gente absorve sem nem perceber, vindas da cultura e da mídia.

É o conhecimento espontâneo em sua forma mais pura – rápido, acessível, mas raramente questionado. Ele é tão persuasivo justamente porque é compartilhado, porque parece “fazer sentido” para muita gente ao mesmo tempo.

A praticidade sedutora: por que recorremos tanto ao senso comum?

Não vamos demonizar o coitado! O senso comum tem seu valor. Ele é como um “piloto automático” mental que nos permite navegar pela complexidade do dia a dia sem gastar uma energia enorme analisando cada pequena decisão. 

Imagine ter que filosofar sobre a melhor forma de atravessar a rua toda vez! Ele simplifica, agiliza e até ajuda a criar laços sociais, pois compartilhamos muitos desses entendimentos básicos.

O problema não é usá-lo, mas sim acreditar que ele é o ponto final da jornada do saber.

As Fendas na Realidade Aparente

Quando o Senso Comum se Torna um Obstáculo Epistemológico

Exemplos notórios: onde o “saber popular” falhou miseravelmente

A história está repleta de momentos em que o senso comum nos levou por caminhos tortuosos. Por séculos, parecia óbvio que o Sol girava em torno da Terra, afinal, era o que “víamos” todos os dias!

Quantas “dicas de saúde” da vovó, baseadas no mais puro conhecimento espontâneo, hoje sabemos que não apenas não funcionam, como podem ser prejudiciais?

Esses exemplos mostram como o senso comum pode cristalizar erros e nos manter presos a ideias ultrapassadas.

Vieses e atalhos mentais: as armadilhas cognitivas do senso comum

Nosso cérebro é uma máquina incrível, mas adora atalhos. Para economizar energia, ele usa “filtros invisíveis” – os vieses cognitivos – que nos fazem confirmar aquilo em que já acreditamos ou tirar conclusões apressadas. O senso comum é um prato cheio para esses vieses, reforçando ideias sem uma análise crítica e nos afastando de um conhecimento válido, que exige mais esforço e questionamento.

Da superfície à essência: a insuficiência do senso comum para a compreensão profunda

Geralmente, o senso comum lida com a casca, com a aparência das coisas. Ele nos diz “o que é”, mas raramente “por que é” ou “como funciona de verdade”. Para entender as engrenagens do mundo, as causas profundas dos fenômenos e as complexas relações entre as coisas, precisamos ir além dessa primeira camada. A busca por um conhecimento válido é uma jornada rumo à essência.

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A Filosofia como Bússola

Navegando para Além do Conhecimento Espontâneo

Epistemologia: a arte de questionar o que pensamos saber

É aqui que a filosofia entra em cena, com uma de suas áreas mais fascinantes: a epistemologia. Pense nela como a “detetive do saber”. A epistemologia não se contenta com o “acho que é assim”; ela pergunta: “Como você sabe disso? Quais são suas evidências? Seu raciocínio é lógico?”.

Ela nos oferece métodos para duvidar de forma construtiva, analisar nossas crenças e justificar o que consideramos conhecimento, desafiando as certezas fáceis do senso comum.

Filosofia do cotidiano: aplicando o pensamento crítico no dia a dia

E o melhor: essa busca não precisa ser um exercício puramente acadêmico. A filosofia do cotidiano nos convida a trazer esse olhar crítico para nossas vidas. É sobre questionar as notícias que consumimos, as opiniões que formamos apressadamente, as “verdades” que nos são apresentadas no trabalho, em casa, nas redes sociais. É transformar o ato de pensar em uma aventura diária, refinando nossa percepção sobre o conhecimento espontâneo que nos cerca.

Rumo a um conhecimento válido: o que significa saber de verdade?

Mas, afinal, o que é esse tal de conhecimento válido? Ele vai além da mera opinião ou da crença solta. Um conhecimento válido geralmente envolve justificativa (boas razões para acreditar), uma relação com a verdade (mesmo que a verdade seja complexa e multifacetada) e, muitas vezes, coerência com outros saberes já estabelecidos e testados. É um saber mais robusto, mais confiável, porque passou pelo crivo da razão e da análise crítica, distinguindo-se radicalmente da aceitação passiva do senso comum.

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Despertando para a Busca Contínua pelo Saber Real

Percebe como o senso comum, aquele nosso velho conhecido, pode ser tanto um aliado quanto uma armadilha? O conhecimento espontâneo nos dá um ponto de partida, mas é a filosofia, com a curiosidade da epistemologia e a praticidade da filosofia do cotidiano, que nos equipa para a jornada mais emocionante: a busca por um conhecimento válido.

Essa jornada não é sobre ter todas as respostas, mas sobre fazer perguntas melhores. É sobre cultivar a humildade de reconhecer que o “óbvio” pode ser apenas o começo da conversa. É despertar para a beleza de um saber que se constrói, se refina e, acima de tudo, nos liberta.

E você? Qual ideia do senso comum já te pegou de surpresa ao ser questionada? 

Compartilhe nos comentários! Se este artigo te fez refletir, compartilhe com quem também adora um bom questionamento e a busca pelo saber real!

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